No desfecho do mês passado, um incidente chocante envolvendo o corte da corda que sustentava um trabalhador na limpeza da fachada de um prédio em Curitiba resultou na prisão de Raul Ferreira Pelegrin, residente na cobertura do edifício. Lamentavelmente, Pelegrin faleceu na madrugada da última sexta-feira (5) no Hospital Angelina Caron, na Região Metropolitana de Curitiba, conforme informado pela Polícia Penal do Paraná.
Segundo comunicado emitido pela Polícia Penal do Paraná, Pelegrin, que estava sob custódia desde 27 de março na Casa de Custódia de Piraquara, foi hospitalizado em 4 de abril devido a problemas respiratórios. A instituição informou que Pelegrin veio a óbito no hospital por volta das 01h30min do dia 5 de abril, após receber tratamento médico, com pneumonia sendo a causa declarada.
Em uma entrevista ao g1, o advogado de Pelegrin revelou que ele vinha enfrentando problemas relacionados à dependência química há alguns anos. Os representantes legais buscaram a liberdade provisória para que ele pudesse receber tratamento em uma clínica particular, mas o pedido foi negado pela Justiça.
O episódio que resultou na prisão de Pelegrin aconteceu quando ele cortou a corda que sustentava um trabalhador no 6º andar do edifício onde residia, utilizando uma faca. O Ministério Público do Paraná relatou que o trabalhador só escapou de uma queda fatal devido a um dispositivo de segurança que evitou o pior. O incidente ocorreu em 14 de março, no bairro Água Verde, mas só foi divulgado pelo MP no dia 24, quando Pelegrin foi acusado de tentativa de homicídio.
Os policiais foram chamados após o corte da corda, e Pelegrin foi localizado no apartamento após os agentes arrombarem uma porta. Na delegacia, ele preferiu ficar em silêncio, afirmando desconhecer os motivos de sua condução.
O MP incluiu na denúncia à Justiça duas qualificadoras: o uso de recurso que dificultou a defesa da vítima e o emprego de meio insidioso, já que o crime foi perpetrado sem que a vítima percebesse.
A vítima estava a uma altura de 18 metros quando a corda que a sustentava foi cortada por Pelegrin. O dispositivo de segurança utilizado, conhecido como trava-quedas, foi fundamental para evitar uma tragédia, conforme relatou a Polícia Civil.
Explicando o funcionamento do dispositivo, o engenheiro de segurança do trabalho Carlos Eduardo Lunelli detalhou que o trava-quedas atua bloqueando em caso de deslocamento vertical rápido, como em uma queda. Esse equipamento é conectado a um cabo de aço chamado de linha de vida, que vai do topo do prédio até sua base, proporcionando suporte ao profissional.
O caso chocante evidencia não apenas as consequências graves da dependência química de Pelegrin, mas também ressalta a importância crítica dos protocolos de segurança no ambiente de trabalho, especialmente em atividades de risco como a limpeza de fachadas de edifícios.